Vitamina E
Entre 1919 e 1920, alguns pesquisadores observaram que a administração de dietas que continham as vitaminas A e D, o complexo B e a supostamente presente vitamina C, não era suficiente para evitar a esterilidade em ratas. Em 1920, verificou-se a existência de um fator essencial para a reprodução dos ratos, diferente daquelas vitaminas, que em 1922 foi chamado de fator antiesterilidade ou vitamina E por Evans e Bishop.
Observou-se, posteriormente, que a deficiência de vitamina E ocasiona, nos machos, destruição das células germinativas dos testículos e, portanto, esterilidade irreversível. Em fêmeas com carência desta vitamina, cruzadas com machos normais, podem ocorrer a ovulação e a implantação do ovo; entretanto, aproximadamente na metade do período gestacional, os fetos em desenvolvimento sofrem reabsorção, não nascendo um filhote sequer.
Em 1936, a vitamina E foi isolada, por Evans e colaboradores, do óleo de germe de trigo.
Os tocoferóis
Foram identificados quatro tipos diferentes de tocoferol, com ativi¬dade de vitamina E: alfa, beta, gama e delta-tocoferol. O alfa-tocoferol é biologicamente o mais ativo. Tratam-se de substâncias líquidas oleosas, amarelas, não solúveis em água, mas solúveis em solventes lipídicos.
Funções metabólicas básicas
- As funções da vitamina E no organismo ainda não foram, como um todo, satisfatoriamente esclarecidas. Sabe-se, entretanto, que, fundamen¬talmente, age como antioxidante das gorduras celulares, e previne a formação de compostos tóxicos de oxidação, como os produtos de peroxidação, provenientes de ácidos graxos insaturados, quando da ausência de tocoferóis.
- A vitamina A e a vitamina C são protegidas da oxidação pela vitamina E.
As membranas celulares são salvaguardas, através da ação antioxidante da vitamina E, contra a deterioração causada pela peroxidação de lipídios.
Sinais e sintomas de carência
- A deficiência de vitamina E no homem é deveras rara. Não obstante, em animais foi verificada, como vimos, a esterilidade como conseqüência direta.
- Na deficiência não muito severa de vitamina E, nasce uma ninhada de ratos enfraquecidos, com poucas chances de sobrevivência.
- Crianças com kwashiorkor, e também macacos, revelam anemia megalo¬blástica, creatinúria e tendência aumentada para hemólise quando há carência de vitamina E.
- Recém-nascidos, especialmente prematuros, com níveis séricos baixos de vitamina E desenvolvem mais facilmente anemia hemolítica. Crianças alimentadas ao seio, entretanto, não correm esse risco, já que o leite materno supre adequadamente o requerimento de vitamina E.
- Pacientes com má absorção causada por doença celíaca, fibrose cística, espru e outras desordens apresentam certos sinais e sintomas de carência de vitamina E, como fraqueza muscular, creatinúria, hemólise e deposição de ceróide no músculo liso.
- Animais herbívoros com deficiência de vitamina E apresentam degeneração óssea, hepática e cardíaca. Frangos exibem sinais de encefalomalácia e sintomas neurológicos. Ratos apresentam, entre outras disfunções, necrose do fígado.
Necessidades nutricionais
- Recomendam-se diariamente 15 UI para o homem adulto e 12 UI para a mulher adulta.
- Lactentes devem ingerir 4 a 5 Ul/dia, o que se baseia no teor do leite materno (2 a 5 UI por litro).
- Mulheres grávidas e lactantes devem ingerir 15 UI por dia.
Boas fontes alimentares
O germe de trigo e seu óleo são, tradicionalmente, as melhores fontes conhecidas de vitamina E. Não obstante, esta vitamina encontra-se tão largamente distribuída pelos alimentos naturais que é difícil ocorrer carência específica, como já colocamos. Os óleos vegetais são ricos em vitamina E, bem como a gema do ovo, os vegetais folhosos e os legumes. Os alimentos animais são, em geral, pobres nesta vitamina.
O processo de beneficiamento destrói, entre outros elementos nutricionais, a vita¬mina E, como é o caso do embranquecimento da farinha de trigo através do dióxido de cloro, que leva à perda de significativa parte dos tocoferóis. A purificação dos óleos diminui, portanto, o teor de vitamina E presente neles.
Hipervitaminose
Por via alimentar, não foi notada a hipervitaminose E. Superdoses complementares podem esporadicamente ocasionar distúrbios gastrin¬testinais e sintomas de fadiga semelhantes aos da gripe.
Fatores de estabilidade e instabilidade
Apesar de os tocoferóis apresentarem propriedades antioxidantes, eles oxidam-se facilmente em certas condições. A luz, especialmente a irradiação ultravioleta, a rancificação e o contato com metais como o chumbo e o ferro destroem esta vitamina. Ela resiste melhor ao calor da cocção em meio não-alcalino.
Teor de vitamina E em alguns alimentos (mg em 100g):
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Alface
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6,00
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Azeite de oliva
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8,00
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Banana
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0,50
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Couve
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6,00
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Manteiga
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2,60
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Milho (germe)
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16,00
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Óleo de amendoim
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16,00
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Óleo de coco
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2,70
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Óleo de gergelim
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5,00
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Óleo de linhaça
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23,00
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Ovo
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1,00
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Ovo (gema)
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3,00
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Trigo (germe)
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30,00
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Trigo (óleo de germe)
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520.00
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